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Destaques

Sonhos: mensageiros do Inconsciente, portais para a totalidade. por Leonardo Climaco

A psicologia analítica junguiana oferece uma abordagem ampla e profunda sobre os sonhos, considerando-os como uma porta de entrada para o entendimento do inconsciente e um instrumento essencial para a jornada da individuação. Jung reconheceu os sonhos como expressões significativas da totalidade da psique, não limitados aos aspectos reprimidos do inconsciente. Para ele, os sonhos são mensagens simbólicas do inconsciente, carregando não apenas de experiências pessoais, mas também de elementos arquetípicos presentes no inconsciente coletivo. "Os sonhos são a manifestação mais imediata do que é essencialmente irrepresentável na consciência. São indicações claras de que o inconsciente não é apenas um depósito, mas uma das fontes mais profundas da vida psíquica. [...] Eles trazem mensagens e revelações, nos mostram facetas inexploradas da personalidade, e são uma via de acesso ao inconsciente coletivo."   (Jung, 2021) Carl Jung - Red Book (Liber Novus) Os sonhos, na maioria das ve

Glossário de Psicologia Analítica

Glossário de Psicologia Analítica

Anima

As imagens arquetípicas do eterno feminino na consciência de um homem que formam um elo entre a consciência do ego e o inconsciente coletivo, e abrem potencialmente um caminho para o Si-mesmo. (Murray Stein)

Animus

As imagens arquetípicas do eterno masculino no inconsciente de uma mulher que formam um elo entre a consciência do ego e o inconsciente coletivo, e abrem potencialmente um caminho para o Si-mesmo. (Murray Stein)

Arquétipo

Um padrão potencial inato de imaginação, pensamento ou comportamento que pode ser encontrado entre os seres humanos em todos os tempos e lugares. (Murray Stein)

"(...) Arquétipos são possibilidades herdadas para representar imagens similares, são formas instintivas de imaginar. São matrizes arcaicas onde configurações análogas ou semelhantes tomam forma. (...)"

"Como se origina os arquétipos?

Resultariam do depósito das impressões superpostas deixadas por certas vivências fundamentais, comum a todos os seres humanos, repetidas incontavelmente através de milênios. Vivencias típicas, tais como as emoções e fantasias suscitadas pelos fenômenos da natureza, pelas experiências com a mãe, pelos encontros do homem com a mulher e da mulher com o homem, vivencias de situações difíceis como a travessia de mares e de grandes rios, a transposição de montanhas, etc.
Seriam disposições inerentes à estrutura do sistema nervoso que conduziriam à produção de representações sempre análogas ou similares. Do mesmo modo que existem pulsões herdadas para agir de modo sempre idêntico (instintos), existiriam tendências herdadas para construir representações análogas ou semelhantes. (...)" (Nise da Silveira)

Compensação

O processo dinâmico auto regulador por meio do qual a consciência do ego e o inconsciente buscam o equilíbrio homeostático, o qual também promove a individuação e o desenvolvimento progressivo para a totalidade. (Murray Stein)

Complexo

Conteúdo autônomo do inconsciente pessoal cuja expressão sensível é usualmente formada através de lesão ou trauma psíquico. (Murray Stein)

Os complexos são agrupamentos de conteúdos psíquicos carregados de afetividade. Compõem-se primariamente de um núcleo possuidor de intensa carga afetiva. Secundariamente estabelecem-se associações com outros elementos afins, cuja coesão em torno do núcleo é mantida pelo afeto comum a seus elementos. Formam-se assim verdadeiras unidades vivas, capazes de existência autônoma. Segundo a força de sua carga energética, o complexo torna-se um imã para todo fenômeno psíquico que ocorra ao alcance de seu campo de atração. (Nise da Silveira)

Consciência do ego

A porção da psique composta de pensamentos, memórias e sentimentos de fácil acesso, em cujo centro se encontra o ego, o "eu". (Murray Stein)

Ego

O centro da consciência, o "eu". (Murray Stein)

"Jung define o ego como um complexo de elementos numerosos, formando, porém, unidade bastante coesa para transmitir impressão de continuidade e de identidade consigo mesma. Dada sua composição feita de múltiplos elementos, Jung usa frequentemente a expressão complexo do ego, em vez de ego simplesmente. "A luz da consciência tem muitos graus de brilho e o complexo do ego muitas gradações de força" " (Nise da Silveira)

Energia psíquica (ver libido)

"(...) Enquanto Freud atribui à libido significação exclusivamente sexual, Jung denomina libido a energia psíquica tomada num sentido amplo. Energia psíquica e libido são sinônimos. Libido é apetite, é instinto permanente de vida que se manifesta pela fome, sede, sexualidade, agressividade, necessidades e interesses os mais diversos.  Tudo isso está compreendido no conceito de libido. A ideia junguiana de libido aproxima-se bastante da concepção de vontade ,segundo Schopenhauer. (...)". (Nise da Silveira)

Extroversão

Uma atitude habitual da consciência que prefere o envolvimento ativo com objetos, em vez do minucioso e estrito exame dos mesmos. (Murray Stein)

Função transcendente

O elo psíquico criado entre a consciência do ego e o inconsciente como resultado da prática de interpretação dos sonhos e da imaginação ativa, e essencial, portanto, para a individuação da segunda metade de vida. (Murray Stein)

Imago

A representação ou uma imagem psíquica de um objeto, como um dos pais, a qual não deve ser confundida com o objeto real. (Murray Stein)

Inconsciente

A porção da psique situada fora do conhecimento consciente. Os conteúdos do inconsciente são constituídos por memórias recalcadas e por material, como pensamentos, imagens, emoções, que nunca foram conscientes. O  inconsciente está dividido em inconsciente pessoal, o qual contém os complexos, e o inconsciente coletivo, que aloja as imagens arquetípicas e os grupos de instintos. (Murray Stein)

Individuação

O processo de desenvolvimento psíquico que leva ao conhecimento consciente da totalidade. Não confundir com individualismo. (Murray Stein)

Precisamente no confronto do inconsciente com o consciente, no conflito como na colaboração entre ambos é que os diversos componentes da personalidade amadurecem e unem-se numa síntese, na realização de um individuo especifico e inteiro. Essa confrontação "é o velho jogo do martelo e da bigorna: entre os dois, o ser humano, como o ferro, é forjado num todos indescritível, num individuo. isso em termos toscos, é o que eu entendo por processo de individuação". (Jung)"
"O processo de individuação não consiste num desenvolvimento linear. É um movimento de circunvolução que conduz ao um novo centro psíquico. (Nise da Silveira)

Instinto

Uma fonte inata, fisicamente baseada, de energia psíquica (ou libido) que é formada e estruturada na psique por uma imagem arquetípica. (Murray Stein)

Introversão

Uma atitude habitual da consciência que prefere a introspeção e o exame estrito e minucioso das relações com os objetos. (Murray Stein)

Libido

ou "Energia psíquica", tem afinidades com o conceito filosófico de "força vital". A libido é quantificável e pode ser medida. (Murray Stein)

Neurose

Uma atitude habitual de rígida unilateralidade na consciência do ego, a qual defensiva e sistematicamente exclui da consciência ou conteúdos inconscientes. (Murray Stein)

Persona

A interface psíquica entre o individuo e a sociedade que constitui a identidade social de uma pessoa. (Murray Stein)

Para estabelecer contatos com o mundo exterior, para adaptar-se às exigências do meio onde vive, o ser humano assuma uma aparência que geralmente não corresponde ao seu modo de ser autentico. Apresenta-se mais como os outros esperam que ele seja, ou como ele desejaria ser, do que realmente é. A esse aparência artificial Jung chama persona, designação muito adequada, pois os antigos empregavam esse nome para denominar a máscara que o ator usava segundo o papel que ia representar. O professor, o médico, o militar, por exemplo, de ordinário mantém uma fachada de acordo com as convenções coletivas, quer no vestir, no falar ou nos gestos. Os moldes da persona são recortes tirados da psique coletiva. (Nise da Silveira)

Projeção

A exteriorização de conteúdos psíquicos inconscientes, ora para fins defensivos (como no caso da sombra), ora para fins de desenvolvimento e integração (como no caso da anima e do Si-mesmo). (Murray Stein)

Psicóide

Um adjetivo referente às fronteiras da psique, uma das quais estabelece o contato direto com o corpo e o mundo físico, e a outra com o domínio do "espirito". (Murray Stein)

Psicose

Um estado de possessão em que a consciência do ego é inundada pelo inconsciente e frequentemente busca defender-se pela identificação com uma imagem arquetípica. (Murray Stein)

Si-mesmo

O centro, fonte de todas as imagens arquetípicas e de todas as tendências psíquicas inatas para a aquisição de estrutura, ordem e integração. (Murray Stein)

Sincronicidade

A coincidência significativa de dois eventos, um interior e psíquico, e outro exterior e físico. (Murray Stein)

Sombra

Os aspectos rejeitados e inaceitáveis da personalidade que são recalcados e formam uma estrutura compensatória para os ideais de Si-mesmo do ego e para a persona. (Murray Stein)

"(...) a sombra (em sentido psicológico) faz parte da personalidade total. As coisas que não aceitamos em nós, que nos repugnam e que por isso reprimimos, nós as projetamos no outro, sele ele um vizinho, o nosso inimigo político ou uma figura-símbolo como o demônio. E assim permanecemos inconscientes de que as abrigamos dentro de nós. Lançar luz sobre os recantos tem como resultado o alargamento da consciência. Já não é o outro quem está sempre errado. Descobrimos que frequentemente "a trave" está em nosso próprio olho." (Nise da Silveira)

Tipo psicológico

A combinação de uma de suas atitudes (extroversão ou introversão) com uma de quatro funções (pensamento, sentimento, sensação ou intuição) para formar uma distinta orientação habitual de consciência do ego. (Murray Stein)

Totalidade

O sentido emergente de complexidade e integridade psíquica que se desenvolve no transcurso de uma vida inteira. (Murray Stein)

Referencias
da Silveira, Nise, Jung: vida e obra, 1ª edição, Rio de Janeiro, Paz e terra, 2023.
Stein, Murray, Jung: o mapa da alma, uma introdução, 5ª edição, São Paulo, Cultrix, 2006.

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